quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As Aventuras de Pi - Crítica



Ang Lee desenvolve uma adaptação visualmente incrível em história cheia de simbolismos




Cada detalhe da saga do menino Piscine Molitor "Pi" Patel é descrito nos mínimos detalhes. Há dois narradores, o próprio Pi (que explica a origem de seu nome, inspirada em uma luxuosa piscina pública francesa e o apelido que ele tanto lutou para "pegar") e um escritor, que fica sabendo da saga deste menino que se mudava de navio da Índia para o Canadá quando uma tempestade afunda a embarcação, deixando-o à deriva em um bote, com uma zebra, uma hiena, um orangotango e Richard Parker, um tigre de bengala. 
Coube ao chinês Ang Lee o trabalho de criar para as telonas os cenários fantásticos descritos pelo protagonista ao curioso e incrédulo escritor. Peixes voadores e ilhas desertas servem para recarregar, de tempos em tempos, a esperança de quem está em algum ponto qualquer do Oceano Pacifico acompanhado pelo tal felino de belas listras e dentes afiados.
Quase que inteiramente rodado dentro de um estúdio, que possibilita a criação de um mar infinito e que, por inúmeras vezes, se confunde com o céu, o filme é de uma beleza ímpar.
A relação de Pi com Richard Parker, que envolve respeito, medo e companheirismo, não para de evoluir e é difícil imaginar como ela vai acabar. Sobre o tigre, é preciso dizer também que é impressionante o grau de realismo do animal, que foi recriado digitalmente em quase todo o filme. É um trabalho de captura de performance e estudo da movimentação do animal tão real quanto o conseguido em O Planeta dos Macacos - A Origem, fruto do trabalho da Rhythm & Hues Studios, a mesma que criou o leão de Nárnia.
Todo este esmero digital e a boa utilização do 3D nos leva a uma imersão completa também nos cinemas. O final, porém, me pareceu simplista demais em comparação ao livro. Em ambos a temática religiosa explicitada no início da história é trazida de volta, mas enquanto o livro aponta de forma bastante gráfica uma inesperada mudança de rumos, o filme prefere manter isso apenas no diálogo, enfraquecendo a moral da história.