segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Em The Pale Emperor Marlyn Manson reafirma sua identidade sombria e multi-facetada






A chegada de Born Villain em 2012 parecia ter deixado claro que a postura artística Marilyn Manson havia deixado escapar parte de sua faceta perturbadora tão característica ao longo da carreira. O próprio Manson explicou em entrevistas recentes que enxerga em seus dois últimos álbuns uma certa 'falta de foco'.
Ainda que o padrão de sua imagem tenha se tornado muitas vezes um problema, isto se torna totalmente irrelevante agora, já que The Pale Emperor (O Imperador Pálido) – título inspirado em Constantino, primeiro imperador romano a negar a existência de um Deus e também conhecido como "Constâncio, o pálido." -  me deixou positivamente surpreso.
Killing Strangers, a ótima canção que abre o álbum traz um aperitivo do que está por vir. Ainda que Manson tenha mantido a mesma abordagem de sempre, esvaziando-se do metal industrial fortemente presente nos trabalhos anteriores, este disco como um todo é basicamente o blues, isto se torna-se ainda mais contundente se nos atentarmos as três imperdíveis canções em versões acústicas presentes na edição deluxe: Day 3, Fated, Faithful, Fatal e Fall of The House of Death.
Liricamente falando, o álbum lida com assuntos diversos em excelentes canções: violência e guerra em Warship My Wreck, mortalidade em Birds of Hell Awaiting, Odds of Even e The Devil Beneath My Feet. A escravidão em Slave Only Dreams To Be King, religião em Third Day of a Seven Day Binge e Cupid Carries a Gun. Menções a mitologia grega em Deep Six, além de temas bíblicos na melancólia The Mephistopheles of Los Angeles, descrita por Manson como  "o coração do álbum", onde entoa: ''Lazarus got no dirt on me'' referindo-se a Lázaro, personagem bíblico pertencente ao livro de João, que era forçado a ler na escola cristã.
Encontra-se presente também alusão ao folclore alemão no que diz respeito a história de Fausto e Mefistófeles onde o cantor diz ser ele mesmo, pagando de volta um acordo que fez com si próprio para virar um rockstar.
'No one is exempt from the odds of even' (Ninguém está isento da possibilidade da igualdade) é a frase que encerra o The Pale Emperor, co-produzido por Tyler Bates. O álbum foi dedicado à Barbara Warner, mãe de Manson que morreu no dia 13 de maio de 2014, depois de uma batalha de oito anos contra o Alzheimer. Manson é realista, também sabe que vai precisar parar um dia, mas por enquanto ele prefere seguir em frente: 'Você tem que chutar as rodas e mantê-las rodando'...