sábado, 26 de outubro de 2013

Os Suspeitos | Resenha

Investigação e dilema moral são temáticas do melhor suspense do ano



Vi o filme em sua estreia, sexta passada. Já devia ter escrito algo por aqui na verdade, mas aí eu fui deixando, deixando... e aqui estamos nós. Vou fazer esse post numa linguagem bem pessoal e descontraída, porque este se trata de um filme que me agradou muito e há muito tempo... bem, há um bom tempo mesmo, não via um thriller de tamanha qualidade.

A começar pelo elenco: Hugh Jackman (em sua melhor atuação do cinema até agora), Jake Gyllenhaal (realizando um de seus melhores trabalhos, tão bom quanto em Zodíaco) e Paul Dano que, cá entre nós dispensa elogios, ele é o melhor ator que mal fala. Sem contar com outras grandes performances de Viola Davis, Maria Bello, Terrence Howard e Melissa Leo.

O diretor canadense Denis Villeneuve, em seu primeiro trabalho nos Estados Unidos, impressiona por manter sua qualidade autoral e ao mesmo tempo entregar um produto digno dos grandes suspenses modernos de Hollywood.
Na trama, escrita por Aaron Guzikowski , depois de ter sua filha de seis anos de idade e uma amiga dela sequestradas, Keller Dove (Hugh Jackman), um carpinteiro de Boston, enfrenta o departamento de polícia e o jovem detetive (Jake Gyllenhaal) encarregado do caso, para fazer justiça com as próprias mãos. No papel do principal suspeito está Paul Dano que, como já mencionado, é um dos melhores atores de sua geração.
Em Os Suspeitos (The Prisioners), um dos elementos principais é apresentar o drama e aflição dos pais que veem o relógio correr enquanto suas filhas estão desaparecidas.

Desde a cena da abertura, os temas que serão explorados ao longo do filme são bem apresentados. Convicções religiosas e tensão se misturam ao desenrolar da história. As duas horas e meia (que para mim soaram como poucos minutos) valorizam e criam o espaçamento perfeito para a total compreensão dos fatos.
As histórias do pai e do detetive, ambos em sua espiral de obsessão, vão se alternando a medida que pistas concretas são apresentadas a todo instante, o que mantém você preso na poltrona e presenciando não apenas o mistério do sumiço das meninas, mas também com os dilemas morais de seus pais.
O que me fez gostar tanto de Os Suspeitos? Bem, são duas horas e meia que funcionam perfeitamente, a reviravolta é louca e você não vai adivinhar até que tudo termine. Além de tudo, é um filme que faz você questionar sua moral... te faz pensar e refletir em várias coisas de que seríamos ou não capazes de fazer. Seus limites. Sua devoção. Seu controle.





sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Gravidade | Resenha

Suspense espacial explora fragilidade e tenacidade humana



Solidão, fragilidade e autocontrole. Essas três palavras resumem muito bem o tão aguardado suspense espacial de Alfonso Cuarón: Gravidade, que se passa na orbita terrestre a 600 km de altura.
A história superficialmente é bem simples: Uma equipe de astronautas e cientistas instalam novas partes no telescópio Hubble quando chega o alerta: um satélite russo explodiu e uma nuvem de detritos esta chegando em alta velocidade . Em minutos, toda a segurança da nave se vai - e restam apenas a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e o comandante da missão, Matt Kowalsky (George Clooney), indefesos vagando pelo espaço.
A partir daí, começa uma luta para sobrevivência e tome visuais de tirar o fôlego (especialmente em 3D), explosões em gravidade zero e longos e aflitivos planos sem cortes que passeiam de dentro para fora dos capacetes dos personagens enquanto eles discutem sua situação.

Gravidade é um paraíso técnico. A alternância entre som e silêncio amplifica o drama e a trilha sonora aflitiva de Steven Price entra apenas em momentos cruciais. A animação (o filme é quase que todo em computação gráfica) é perfeita e realista e a tensão é absolutamente constante, já que não há momentos em que é possível respirar e recuperar o folego. E Bullock dá um show como a astronauta novata que já perdeu tudo, mas que decide viver. Há cenas de beleza intensa e grande significado, como os "renascimentos" da Dra. Stone, especialmente o primeiro, em que a vemos pela primeira vez como mulher, como humana, indefesa fora da casca protetora do uniforme de astronauta. Nas lágrimas sem gravidade, Cuarón aprecia a beleza da fragilidade humana - e sua tenacidade.

Gravity, EUA/ING, 2013 Diretor: Alfonso Cuarón Roteiro: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, George Clooney (não creditado) Elenco: Sandra Bullock, George Clooney, Basher Savage, Eric Michels, Ed Harris Produção: Alfonso Cuarón, David Heyman Fotografia: Emmanuel Lubezki Trilha Sonora: Steven Price Duração: 90 min. Distribuidora: Warner Bros Estúdio: Heyday Films / Reality Media / Warner Bros. Pictures


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mechanical Bull (Álbum) | Resenha

Quarteto não se reinventa e continua na mesmice



Afinal de contas, porque você ainda ouve Kings Of Leon? Por pura nostalgia ou porque ainda acredita que a banda seja inovadora?  Mechanical Bull (2013, RCA) é o sexto registro em estúdio do quarteto de Nashville, Tennessee, ou, se você preferir, a primeira coletânea de sobras de estúdio apresentada pela banda. O disco não passa de um catálogo de temas e sons reaproveitados.
Se sua esperança era que viesse um disco tão bom quanto os primeiros, sinto lhe informar, mas isso não vai acontecer. E por vários e bons motivos...
Nos anos 2000 juntamente com uma avalanche de grupos indie, o KOL (uma espécie de cópia do The Strokes) adotou uma falsa ideia de inovação que muita gente engoliu goela abaixo, ao vestir camisa xadrez e um chápeu de cowboy. Se olharmos  com atenção para a discografia do grupo ao longo de todos esses anos chegaremos a conclusão de que nada do que eles produziram até o momento representa verdadeiramente o ineditismo.
Já reparou em como as outras bandas que cercam o KOL foram em busca de mudanças nos últimos anos? Os Strokes buscaram a new-wave dos anos 80. Arctic Monkeys buscou o Soul e o R&B até o Coldplay o eletrônico... Tudo bem que, mudanças nem sempre são bem vindas. Mas veja que, enquanto isso, os irmãos de Nashville nunca foram além daquele velho e batido garage cowntry que aborda sempre os mesmos temas: sujeitos deslocados que cheiram álcool e estão sempre a procura de alguém/ou algum lugar.
O disco tem ótimas melodias, sim, é verdade... mas se isso fosse sinônimo de acerto, ouvir jingles radiofônicos seria suficiente para nossa sobrevivência cultural. Fica evidente neste novo trabalho a incapacidade do grupo de seguir adiante dentro da própria estética.
Eu gostei de Mechanical Bull... sério. Mas deixando o fanatismo de lado, nota-se o quanto cada faixa do disco busca emular o mesmo sentimento dos álbuns anteriores. Ou seja, tudo isso que você  está ouvindo, você já ouviu antes.






sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Keaton, Kilmer, Clooney e Bale: veja quem já foi Batman do cinema

Ben Affleck foi anunciado na quinta-feira (22) como novo intérprete do herói.



Não teve jeito. Não se falou em nenhuma outra coisa durante esta sexta feira a não ser na contratação de Ben Affleck para viver o novo Batman no cinema. Ele interpretará Bruce Wayne na sequência de O Homem de Aço, filme que colocará frente a frente o Cavaleiro das Trevas contra o Superman. A escolha gerou controvérsias entre os fãs que, em sua maioria, não aprovaram a escolha do ator. A repercussão na internet através das redes sociais foi gigantesca! O filme está previsto para julho 2015. Affleck é o quinto ator a viver o homem-morcego no cinema. Portanto, veja abaixo quem foram seus antecessores.



Michael Keaton foi considerado uma escolha relativamente ousada quando convocado a interpretar o herói, no final dos anos 1980. Na época, o ator era conhecido por seus trabalhos cômicos, caso do Beetlejuice de 'Os fantasmas se divertem' (1988). Ainda assim foi escalado pelo cineasta (e parceiro) Tim Burton para 'Batman' (1989). Deu certo: o filme faturou US$ 411 milhões (valor bastante alto, para a época) e rendeu sequência, 'Batman – O retorno' (1992), novamente com a dupla Burton & Keaton.


 O segundo ator a encarnar o homem-morcego foi Val Kilmer, que assumiu o herói da DC Comics em 'Batman eternamente' (1995), de Joel Schumacher. Antes, Kilmer já tinha sido Jim Morrison, o líder da banda The Doors, na cinebiografia dirigida por Oliver Stone, e feito participação em 'Top Gun' (1986). Dado que foi substituído dois anos depois, Kilmer parece não ter sido aprovado como o homem-morcego neste projeto em que os tons escuros da adaptação de Tim Burton deram lugar a muitas cores e efeitos visuais.


A versão de George Clooney sobressaiu por um detalhe da fantasia do herói: os mamilos aparentes. Clooney já era um galã estabelecido quando viveu o herói em 'Batman & Robin' (1997), novamente com o diretor Joel Schumacher à frente – e novamente bastante colorida. Naquele ponto da carreira, o ator tinha trabalhado em 'Um drink no inferno' (1996) e nas séries 'Friends' e 'Plantão médico'. 'Batman & Robin' arrecadou US$ 238 milhões, mas Schumacher abandonou a franquia, e Clooney nunca mais voltou.



Christian Bale é o mais recente Batman do cinema. Trata-se de um recordista: ninguém assumiu mais vezes o personagem do que o ator galês. Atuou em 'Batman begins' (2005), 'Batman – O cavaleiro das trevas' (2008) e 'Batman: O cavaleiro das trevas ressurge' (2012). Como o mais atormentado de todos os 'Bruce Waynes/Batmans', está a serviço do projeto de Christopher Nolan, o diretor da trilogia. A ideia é aplicar temas sérios (política, crise econônima, terrorismo, ecologia...) à fantasia dos quadrinhos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Homem de Aço | Resenha


Espetáculo visual vem carregado para mostrar quem é o novo Superman


Man of Steel, EUA/Canadá/Inglaterra, 2013. Direção: Zack Snyder. Roteiro: David S. Goyer, baseado em uma história de Goyer e Christopher Nolan e nos personagens de Jerry Siegel e Joe Shuster. Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Diane Lane, Russell Crowe, Christopher Meloni, Kevin Costner, Antje Traue, Harry Lennix, Richard Schiff, Ayelet Zurer, Cooper Timberline, Dylan Sprayberry, Laurence Fishburne. Duração: 143 min.



O que pode ser mais tocante do que um alienígena, que tem a formação longe de suas raízes, pais e sociedade, percorrendo o globo atrás de sua verdadeira natureza? Uma busca existencial que supostamente nunca terá fim, porém, tão pertinente quanto à gênese humana e sua ciência. “Eu não quero ser”, afirma o personagem construído de forma talentosa por Henry Cavill quando seus pais apontam o que há de especial nele e o que se espera de seus talentos. Kal-El vive perdido entre dois mundos: a sua inalcançável civilização e o que poderia ter vivido com seus pais biológicos, que agora é apenas um sintoma em sua genética, e sua vivência terrena com os pais adotivos que geraram a sua fé e condição humana.

Essa dicotomia, de homem e sua natureza, não é exclusiva do pensamento do protagonista do filme, tampouco; Kripton é um lugar habitacional mágico e aspirado – onde as pessoas daquele lugar encontraram um equilíbrio entre vida, tecnologia e ambiente natural. Os efeitos especiais utilizados no primeiro ato são complementares a essa filosofia. O grande obstáculo de Kripton está exatamente no que foi criado: o máximo que havia sido alcançado. Passou a ser um lugar em que o estado de buscar passou a ser o estado de ser. Não existiam mais pessoas que poderiam mudar algo que não havia como ser mudado, apenas classes pré-fabricadas e automatizadas, sem a vida como a conhecemos. Sob esta ótica, Zod acreditou que apenas um golpe de estado devolveria uma clareza para Kripton sobre as coisas e um novo direcionamento – algo censurável, claro, mas que deu início a muitas “revoluções”. O general é um robô, não é natural, foi “esculpido” para ser uma espécie de guardião de seu planeta. Shannon esbraveja por seu povo, queima populações para chegar a uma nova raça e só descansará de seu código quando abraçar a morte. Jor-El é exatamente seu oposto. Mais “humano”, ele também acredita que Kripton está chegando ao seu fim, mas ambiciona uma nova era – “nunca o veremos andar, mas nossas esperanças e sonhos vão com você”. O sonho do general explode junto com seu planeta, o de um pai está percorrendo um novo caminho.


Kal-El é uma soma benéfica de duas diferentes raças. Obteve a sorte de cair em uma fazenda e ter pais adotivos que lhe formassem um caráter humilde, assim como o seu pai verdadeiro desejaria. Ele passa a descobrir seus poderes aos poucos, salvando, inclusive, seus próprios agressores do colégio em um desastre. Para ele, como lhe foi ensinado, qualquer vida é digna. “O mundo é muito grande? Faça-o pequeno!”. Os flashbacks de sua infância resgatados pelo montador David Brenner também são suficientemente eficientes para mostrar essa dubiedade nos sentimentos de nosso protagonista e apontar o porquê de estar naquela busca. Kevin Costner, por exemplo, é tão edificante para quem viria a ser o Superman como o próprio Jor-El. Ele não pestaneja em salvar qualquer tipo de vida (aliás, um parêntese curioso para a retomada da saga) e se sacrifica pelo próprio filho – e aqui cabe ressaltar dois diálogos intimistas em que o ator transborda sentimentos: em passar que talvez ele devesse deixar pessoas morrerem e que Clark é o seu filho.

Por outro lado, esse argumento social e humano se perde no instante em que Snyder começa a fazer esforços para cumprir o orçamento milionário que tem em mãos, como denuncia o literalmente explosivo terceiro ato. Dono de cortes tão rápidos que a ação fica quase impossível de ser conferida e usando da mesma escola de Abrams ao conferir flares e brilho que fariam a Enterprise empalidecer a todo o momento na trama, o diretor avança rápido demais na construção de alguns relacionamentos e abusa novamente em tratar Superman como um salvador católico. Kal-El tem trinta e três anos, posiciona-se como se estivesse crucificado assim que ouve que pode salva
r todos os humanos e tenta se passar por um deles. O seu relacionamento com Lois passa a ser plausível apenas por uma questão de confiança e conhecimento prévio da história original – Kal-El encontra na personagem uma força feminina gigantesca, mesmo que ela pareça pequena quando está com ele, não fazendo jus a esse fator. O beijo trocado por ambos nasce tão robotizado e sem significado quanto uma vida nova surgia na Kripton que conhecemos. E, se a fotografia de Amir Mokri só dá lugar ao branco intenso e ofuscante, a trilha sonora de Zimmer é mais uma vez digna de aplausos a balancear cada momento vivido pelo personagem e não deve em nada para a trilha que Williams imortalizou.

Ainda, é notável a insegurança que Snyder possui em trazer uma trama menos explosiva e mais intimista para um filme que conta com um homem imbatível. E é por isso que ressalvo a escolha dele para um retorno à saga do Superman. O charme de O Homem de Aço não está na força de seu personagem, mas em sua dinâmica sentimental: como alguém imbatível pode ser dono de uma solidão eterna? Ele está buscando o seu lugar ao mundo, forçando-se a se adaptar a um sistema que já está pronto – como todos nós fazemos e como as coisas eram arranjadas em Kripton. O coronel do ótimo Christopher Meloni tem a mesma vocação do general de Shannon, ambos apenas pensam em defender os seus povos e suas raízes – sacrificando-se por elas em seus percursos. Não se pode dizer que não é um começo pretensioso e potencialmente bom para o herói, mas certamente não se pode jogar tudo fora apenas para corresponder às expectativas de um público que apenas quer ver sangue. Isso já é comum em nossa própria realidade.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Universidade Monstros | Resenha

Saudosismo marca o retorno ao passado e aos dias de Mike Wazowski e Jimmy Sullivan como universitários


Parece que foi ontem... Lembro-me de ir ao cinema por volta dos 7 anos juntamente com meu tio para ver uma simples animação infantil da Disney. No entanto, após aquela sessão, minha mente ficou marcada por umas das mais brilhantes animações já desenvolvidas, Monstros S.A! Agora, doze anos depois, uma  sequência genial chega as telonas: Universidade Monstros.
A trama mostra as origens da dupla que, em sua fase adulta, é a campeã em sustos da companhia de energia da cidade de Monstrópolis. O pequeno Mike Wazowski (Billy Crystal) é um sonhador e esforçado monstrinho que quer ser um grande assustador. Para isso, ele deve cursar uma das melhores faculdades no quesito sustos: a Universidade Monstros.
Assim como de costume nos filmes da Pixar, Universidade Monstros não é feito só para divertir, mas aprofunda-se em questões sociais e morais. Quando o estudioso Mike topa com popular Jimmy Sullivan (John Goodman), filho de um grande assustador que já chega ao campus com uma certa reputação, fica claro que, para a amizade começar a tomar forma, algo precisa mudar. Por ser um curso extremamente concorrido, é muito difícil ser bem sucedido no programa de sustos. A severa diretora Hardscrabble (Helen Mirren) exige de seus alunos uma mistura de talento nato e conhecimento técnico, algo que nem Mike nem Sullivan têm por completo. Resta recorrer aos Jogos de Susto, competição anual que premia a fraternidade mais assustadora da Universidade Monstros.
Dentre inúmeras fraternidades, nenhuma das quais aceitará os renegados, eles encontram a Oosma Kappa (OK). Formada somente por deslocados e esquisitos que também foram reprovados no Programa de Sustos, a OK precisa de apenas mais dois integrantes para participar dos jogos. Está formado, então, o grupo que tem de tudo para perder a competição.
É possível prever que o filme mostrará apenas vitórias para a adorável OK e seus membros. No entanto, enquanto Mike e Sullivan não se entendem e colaboram um com o outro, explorando suas habilidades e expondo suas fraquezas para que essas sejam repostas por algum colega, nada funciona. E é aí que entra a primeira lição de Universidade Monstros, que institui a importância do trabalho em equipe.
Em um momento no qual o avanço tecnológico parece ser mais importante que roteiro e construção de personagens, é confortante saber que ainda há uma certa preocupação com o enrendo. A Pixar mantém seu selo de qualidade, dá foco e estabelece uma gratificante meta final, que acerta no desenvolvimento da trama e da narrativa. Abordando temas como bullying, superação de obstáculos e o valor dos estudos sem ser cafona, o estúdio faz de Universidade Monstros um filme convidativo a adultos e crianças de todas as idades, que conseguem se indentificar com os personagens e formar paralelos com suas próprias vidas. O maior acerto de Universidade Monstros é provar que existem inúmeros finais felizes ao longo de uma vida.
Um prelúdio a Monstros S.A. não era esperado. Após os últimos momentos do filme de 2001, que deixa pendente um reencontro entre Sulley e Boo, seria óbvio mostrar uma possível amizade entre o monstro azul e a criança. Mas a Pixar foi inteligente demias ao manter íntimo aquele momento único, nos mostrando que voltar ao passado e apreciar mais a história da amizade entre a bola verde e o grandalhão azul expande de forma inteligente o universo que conhecemos dez anos atrás. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Finalmente para o Alto (e Avante)!


O que vem fazendo o Homem de Aço um dos melhores filmes do gênero




Aceito o desafio, Zack Snyder, diretor de 300, Watchmen e Madrugada dos Mortos, dirigiu O Homem de Aço (The Man of Steel), o novo filme do maior super-herói da DC Comics, Superman. A adaptação foi escrita por David Goyer baseada em uma história que ele criou com Christopher Nolan,  produtor do filme. Thomas Tull e Lloyd Phillips são os produtores executivos. Charles Roven, Emma Thomas, Nolan e Deborah Snyder são os produtores do filme. No elenco estão Henry Cavill (Superman), Diane Lane (Martha Kent), Amy Adams (Lois Lane), Michael Shannon (General Zod), Kevin Costner (Jonathan Kent), Ayelet Zurer (Lara-El), Russell Crowe (Jor-El), Harry Lennix (General Swanwick), Lawrence Fishburne (Perry White) e Christopher Meloni.

Na trama, Clark Kent/Kal-El (Henry Cavill) é um jornalista de vinte e poucos anos que se sente alienado por poderes além da imaginação. Transportado de Krypton (um planeta alienígena avançado) para a Terra anos atrás, Clark se pergunta “Por que estou aqui?”. Moldado pelos valores de seus pais adotivos Martha (Diane Lane) e Jonathan Kent (Kevin Costner), Clark logo descobre que ter super-habilidades significa tomar decisões extremamente difíceis. E quando o mundo é atacado, Clark deve se tornar o herói conhecido como “Superman”, não só para brilhar como o último raio de esperança, mas para proteger aqueles que ama.

Não é difícil bater os olhos em Henry Cavill e visualizá-lo com capa vermelha e o peito estampado pelo emblema do super-herói que ele encarnará nos cinemas a partir do dia 12 de julho, quando estreia O Homem de Aço. Alto, imponente – mas ao mesmo tempo doce e gentil –, ele tem todas as características do jovem tímido que só quer ajudar o próximo e, ao mesmo tempo, do herói forte que defende os valores dos Estados Unidos – exceto pelo fato de ser britânico.

Enquanto a DC Comics segue tropeçando nas novas HQs do personagem, é o cinema que consegue, novamente, explicar o que o Superman deveria representar. O mais velho super-herói, que muitos consideram datado e chato, chega reformulado como um defensor relutante do planeta, alguém tão confuso quanto seus habitantes, mas personificando a esperança de um futuro melhor - mesmo que, para isso, tenha que sujar as mãos.

O Homem de Aço estreia em 12 de julho no Brasil.


domingo, 16 de junho de 2013

...Like Clockwork - Queens of the Stone Age


Experiência sinistra e complexidade dão tom ao aguardado e estrelado disco dos reis do stoner rock.




QOTSA em sua atual formação



Ao ouvir pela primeira vez vai soar confuso, estranho e poluído. Mas com tempo suficiente seu cérebro irá se acostumar com os ritmos e riffs nada convencionais que permitirá a revelação de uma quantidade incrível de detalhes. Estamos falando das cancões de Josh Homme, mais especificamente do novo  álbum da banda californiana Queens of the Stone Age, ...Like Clockwork. 

EUA, 2013 / Rock Matador Records
O disco que chegou as lojas 4 de junho é o primeiro de ineditas desde Lullabies to Paralyze de 2007. Para Homme o intervalo de quase seis anos foi marcado por pontos altos na carreira como a formação do supergrupo Them Crooked Vultures e a produção do Arctic Monkeys. Quando a inspiração tomava forma, um evento revirou seu mundo: durante uma cirurgia no joelho, ele teve complicações e “morreu por alguns minutos” no hospital. Essa tragédia pessoal afetou o ambiente do sexto disco de sua banda, uma peça cheia de nuances sombrias, psicóticas e paisagens borradas por narcóticos pesados. “Keep Your Eyes Peeled” abre o disco com um riff grave e sinistro. O tom sobe em “I Sat by the Ocean”, com levada despretensiosa carregada por um slide guitar saboroso, mas uma nuvem negra desce em “The Vampyre of Time and Memory”. 

A lista de colaboradores é a mais estrelada da discografia: Na sensual “If a Had a Tail”, Homme acolhe o velho parceiro Nick Oliveri, e tem ainda a ajuda do pupilo Alex Turner (Arctic Monkeys) e da esposa, Brody Dalle (The Distillers e Spinerette). Dave Grohl comanda a bateria (reeditando a parceria do cultuado Songs for the Deaf) Trent Reznor (Nine Inch Nails) em “Kalopsia” e Mark Lanegan e Elton John com seu piano elegante na faixa“Fairweather Friends” são outros ilustres que aparecem aqui.

As músicas da banda sempre tiveram quê de sombrio e caótico, mas poucas vezes esses lados estiveram tão presentes de uma só vez. O disco parece uma viagem pela mente de uma pessoa que está a beira de perder sua sanidade. ..Like Clockwork não é um álbum fácil de se gostar, mas o tempo e a paciência fazem suas canções se desabrocharem na qualidade e competência que se espera de um dos maiores nomes do rock na atualidade.

Aperte o play e ouça agora: