sexta-feira, 7 de março de 2014

O Homem Venceu a Máquina


Remake acerta em cheio e questiona: 'O que faz de um homem um homem?'



Em 1987, o holandês Paul Verhoeven trazia ao cinemas o que viria a se tornar um dos maiores clássicos do gênero ação/policial não só da década de 80 como também de todos os tempos. Em Robocop, o policial Alex Murphy (Peter Weller) é assassinado e então revivido como um agente da lei meio humano e meio robô pela OCP para servir como uma arma implacável. Devido ao grande sucesso do primeiro filme, duas fraquissímas sequencias dirigidas por Irvin Kershner e  Fred Dekker em 1990 e 1993, respectivamente, foram lançadas sem qualquer intervenção de Verhoeven, deixando algo claro: O policial cibernético era uma criatura única e irreplicável.
Qual seria então a ideia certeira para um novo Robocop? O diretor carioca José Padilha tinha a resposta.  'Simples ' - disse ele, em uma reunião com os executivos -  'Estamos em 2028, e ninguém precisa mais pilotar os drones, os autômatos tomam suas próprias decisões. '

Na cena que abre o longa, vemos justamente esses robôs patrulhando o Teerã revistando homens mulheres e crianças ao mesmo tempo em que Bill O´Reilly (Samuel L. Jackson), um âncora da TV americana, pergunta ao vivo para milhões de americanos:  'Por que só aqui não se pode poupar a vida de policias e de militares dessa forma? Por que a América, afinal, é tão robofóbica? '
E é exatamente esse o eixo em torno do qual a trama se desenvolve: os americanos rejeitam a ideia de que um autômato possa decidir sobre a vida de uma pessoa, e só nos Estados Unidos isso acontece.
A OmniCorp, corporação que produz as máquinas, esta proibida de expandir seus negócios no maior mercado do mundo. Mas, quem sabe a população não mude de ideia se dentro de um autômato houvesse um homem, pensa Raymond Sellars (Michael Keaton) CEO da OmniCorp. Tal homem vem a ser Alex Murphy (Joel Kinnaman), depois de ser gravemente ferido e mutilado em um atentado.

As diferenças do longa com o original são claramente visíveis, comparar o Robocop do Padilha com o clássico que Verhoeven fez é pedir para se decepcionar: são filmes completamente diferentes. A premissa básica - a de Alex Murphy sendo fundido a um corpo cibernético para combater o crime - é a mesma. Mas Padilha bolou uma história em que a automação da polícia precisa de um rosto humano para ganhar a opinião pública.  Lidar com a perda de sua humanidade logo de cara é um dos conflitos mais interessantes do protagonista, que perde o livre arbítrio involuntariamente por conta da influência que a máquina exerce em seu cérebro. Logo, a busca pelo equilíbrio é o que impulsiona o filme de Padilha, que deixa claro que um remake para ser bom não precisa ser uma cópia.


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